Bem-vindos ao Impérios Rex e Lady Marian!

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Este site foi criado objetivando trazer um pouco de entretenimento, ao meu ver, saudável, pelo menos pra mim, que gosto de escrever, ler e comentar, e a partir daí gerar discussões sobre os temas quadrinhos, cinema, seriados de TV e até pequenos textos, que poderão agradar a alguns e desagradar a outros tantos. Sem fins lucrativos, apenas mera distração inconsequente. Pode parecer similar a outros já existentes, mas perceberão com o tempo um diferencial agradável. Enfim, vamos entrar no espaço do Impérios Rex e Lady Marian. Sejam realmente bem-vindos! Este espaço é para todos!

quarta-feira, 9 de março de 2016

ARQUIVO X





ARQUIVO X – EU NÃO CONSIGO ACREDITAR MAIS!

Estamos em uma época de vivenciarmos nostalgicamente retornos televisivos. Embora questões meramente mercadológicas estejam em primeiríssimo plano, essas considerações a respeito de ressuscitar seriados encerrados se baseiam sobretudo na ansiedade dos fãs que, por associação, estariam dispostos a tudo para terem um pouco mais de tempo junto dos personagens que amaram tanto. Inserir no mercado atual um pouco do que ficara no passado somente é possível porque o sentimento de apego de um espectador ao que a televisão produz ficou ainda maior conforme o respeito alcançado pelas séries foi aumentando e se tornando essencial para a indústria.
Arquivo X tem uma das bases de fãs mais poderosas do mercado. Desde o último episódio (que agora não é mais o último), lá no início dos anos 2000, a Fox mantém em aberto a possibilidade de retorno através do cinema e da TV. A incursão cinematográfica, entretanto, não foi bem sucedida e sepultou as chances de um terceiro filme após o fiasco de 2008. Ainda assim, sempre falou-se em uma nova tentativa de ressuscitar a trama num formato televisivo. Nem um longa e nem uma temporada inteira, Arquivo X retornou para o que a Fox chamava de “evento” e tinha como missão satisfazer os fãs antigos enquanto angariava novos.
Mulder (David Duchovny) e Scully (Gillian Anderson) foram anunciados para novas aventuras em 2016 e houve uma expectativa imensa acerca do que o criador Chris Carter estava preparando, sobretudo quando também foi anunciado que seriam apenas seis episódios. Os que acompanharam a série sabiam que havia algumas pontas soltas a serem exploradas e que seria a primeira vez desde 2002 que o seriado voltaria a falar de mitologia. Seria a grande oportunidade de corrigir os enganos dos dois últimos anos e de mostrar como os agentes estariam lidando com o mundo contemporâneo. Uma das grandes razões para trazer de volta a série que não terminou bem é dar a ela a chance de um final recomposto. Muito poucos têm a chance e parece absurdo que se possa perdê-la. Bem, a meu ver, Arquivo X perdeu.
Essa curta décima temporada se organizou da seguinte forma: dois episódios mitológicos e quatro do estilo “monstro da semana”. O primeiro e o último tratariam da trama central do seriado, que se apoiava em conspiração alienígena e no paradeiro do filho perdido dos dois protagonistas. Esses dois episódios foram denominados de “My Struggle”, correspondendo cada um à luta interna dos agentes. A estreia focou-se nas lutas pessoais de Mulder e no seu eterno conflito entre acreditar e questionar as evidências de vida alienígena, algo que já vimos acontecer antes, mas que ganhou uma perspectiva interessante e promissora quando esse décimo ano iniciou.
Para compreendermos melhor toda essa dinâmica, precisamos retornar ao quinto ano da série, que fez Mulder duvidar de que os alienígenas realmente existissem. Através de uma boa argumentação, um funcionário do Pentágono revelou para o agente que o governo americano aproveitou a paranoia alienígena de Roswell e lançou uma campanha midiática em torno da existência dos extraterrestres para desviar a atenção da população de coisas mais importantes. O instrumento de manipulação foi ficando refinado à medida que mais mentiras eram produzidas para sustentar a maior delas. A argumentação deixava claro que alienígenas nunca teriam existido e foi apenas uma ficção encomendada.
Posteriormente, Mulder recuperou sua fé, mas agora vimos uma premissa parecida ser oferecida logo na estreia do novo ano. Comprometido com a ideia de modernizar a dramaturgia, Carter mirou nas questões de dominação global e terrorismo, insinuando que a maior conspiração de todas havia passado incólume pelo radar. Segundo o primeiro episódio, os alienígenas sempre teriam existido, mas nunca tiveram interesse em colonização. Ao caírem em Roswell, revelaram tecnologia e material orgânico para que o próprio homem conduzisse os planos de dominação. Assim, os alienígenas seriam apenas um bode expiatório para que o controle fosse exercido pelos próprios habitantes do planeta terra. Seria o terráqueo o verdadeiro colonizador.
A interessante premissa, contudo, precisou ser esquecida por algumas semanas, quando os episódios de “monstro da semana” vieram para dar ao espectador a experiência de reviver uma temporada de Arquivo X no seu sistema clássico. Chris Carter não conseguiu trazer Frank Spotnitz de volta, (grande roteirista de episódios clássicos), mas ainda assim com dois outros roteiristas, conseguiu garantir que o fã mais exigente fosse recompensado em sua espera. Quatro capítulos sem conexão com a trama central foram escritos e produzidos seguindo uma ordem pré-estabelecida; e essa ordem foi trocada pouco antes da temporada começar.
Por todas essas quatro semanas, vimos que a série encontrava dificuldades para contar novas histórias sem livrar-se dos vícios do passado. Em alguma instância, todos esses quatro momentos foram apoiados em detalhes que já tinham passado pela vida útil da série. Esse era o sintoma de um problema maior, mas que só ficou evidente no episódio final, quando as dificuldades de Carter no exercício de sustentar a importância de seu produto acabaram falhando por arrogância e falta de visão.
Ao chegarmos no final, a expectativa era de ver impressas nesse episódio mitológico as premissas que abriram os trabalhos da temporada. O primeiro roteiro do ano oferecera várias boas condições para que uma investida dos protagonistas dentro da conspiração governamental tivesse uma natureza nunca explorada. É claro que ter evidências de tecnologia alienígena sendo usada para perpetuar um vilanismo extraterreno que mascarasse as ações colonizadoras iniciadas na própria Terra, deixou o caminho aberto para investimentos novos. Porém, o segundo “My Struggle” foi tomado de verborragia e de incoerências que feriram mais um pouco a trajetória da série. Carter resolveu ir para o mesmo lugar de onde sempre volta. Seu fetiche pelo argumento do DNA, da vacina, do vírus, do híbrido, assola os Arquivos X há muito tempo. Foi com muito pesar que vimos se desenrolar uma trama rebuscada envolvendo um vírus que atacou a humanidade e uma busca por uma cura que se resolve em uma tarde, sem problemas. Foi com desconfiança que vimos o roteiro privilegiar as mesmas justificativas e saídas fáceis que já tinham condenado a série antes e que estavam condenando agora.
Quase não tivemos Skinner (Mitch Pillegi) e a volta do Canceroso (William B. Davis) está entre as decisões mais equivocadas desse retorno. Nem mesmo uma ponte entre a primeira mitologia (situada entre a primeira e a sexta temporadas) e o atual estado de poder do dito, nós vimos. É claro que se os alienígenas nunca estiveram interessados em colonizar, precisaria haver uma ligação entre os atuais eventos e os eventos passados. Algo que justificasse a posição do Canceroso nos planos. Talvez, inclusive, a presença dele na série só não seja tão grave quanto o retorno de Monica Reyes (Annabeth Gish), que foi inexplicavelmente justificado com um ato de covardia que não tem a menor coerência com o que sabemos dela.
O resultado final foi ambíguo. O envolvimento pessoal de alguns com a série acaba tornando esse retorno válido de muitas formas. Ainda tivemos boas cenas, bons momentos, tivemos Gillian Anderson provando como é boa atriz e vimos com orgulho alguns sinais de amadurecimento escondidos nos cantos. Visto que uma nova temporada seja muito possível por conta da audiência, o imenso gancho deixado em aberto no final ainda pode ser resolvido. O grande problema, contudo, é que Arquivo X não parece confortável com seu compromisso de acabar, e agoniza retornos que lhe garantam uma despedida digna. Infelizmente, não foi desta vez. Se a verdade continua lá fora, Chris Carter está procurando nos lugares errados.

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