O MELHOR DOS X-MEN
Não é nem um pouco difícil, para qualquer leitor de
longa data da Marvel, apontar a melhor fase dos X-Men nos quadrinhos. Em
décadas de existência e as consequentes trocas de equipes criativas, a dupla
Chris Claremont e John Byrne ainda reina na preferência dos fãs e são os
verdadeiros responsáveis pela consolidação dos mutantes como campeões de vendas
da editora, entre as décadas de 1970 e 80. Controvérsias à parte, Byrne sempre
alegou que não era apenas um desenhista e contribuía mais no roteiro do que se
pensava. Faz sentido, já que Claremont nunca mais teve tanto destaque sem o
parceiro, mas os dois terão seus nomes ligados a esses personagens para sempre.
Antes do
afastamento, após a Saga Da Fênix Negra, ainda puderam realizar uma
das histórias mais lembradas e queridas dos X-Men. Dias de um Futuro
Esquecido, introduz os conceitos de viagem no tempo e futuros
alternativos que depois acabaram incorporados na mitologia dos mutantes,
infelizmente, posteriormente utilizados como muleta por roteiristas
vagabundos. A história mostrava o então distante futuro de 2013, situado cerca
de 30 anos da época em que foi publicada, onde a ativação dos robôs Sentinelas
nos EUA cria um conflito que termina confinando todos os mutantes sobreviventes
em campos de concentração. Obrigados a utilizar colares que neutralizam seus
poderes, eles assistem impotentes à dominação dos robôs no território do país,
e percebem que a lógica fria das máquinas as levará a uma invasão a outros
países. As outras nações ameaçam retaliar com um ataque nuclear, e o fim do
mundo se aproxima.
Contextualizando mais uma vez, ler Dias de um Futuro Esquecido hoje requer certa abstração no que diz respeito aos problemas narrativos que a história possui. Melhor dizendo, hoje são encarados como problemas, mas basta uma rápida pesquisa em outras obras contemporâneas dela para perceber que os quadrinhos de super-heróis eram pensados de outra forma. Descrevendo de uma forma mais apurada, existem diálogos e recordatorios descritivos para aquilo que poderia ser mostrado e a segunda parte tem uma das incômodas recapitulações do número anterior, inseridas nas páginas através de flashback. Isso atrapalha um pouco o leitor moderno, mas era a época, então não adianta reclamar. Felizmente, estamos falando de um trabalho de John Byrne no auge da forma, portanto, seu traço, suas figuras e seu dinamismo narrativo valorizam bastante a experiência. Fugindo da polêmica sobre a autoria das ideias, Chris Claremont também foi hábil em investir em vários momentos dramáticos desta trama, aproveitando um futuro alternativo dos personagens onde tudo era permitido.
Se você não leu e está em dúvida se vale a pena, eu digo que vale! Principalmente se quer saber mais da evolução desses personagens, conhecer a fonte de inspiração do filme X-Men: Dias de um Futuro Esquecido (X-Men: Days of Future Past – Us 2014) e ter contato com uma época em que a concepção visual do Wolverine lembrava uma mistura de Harvey Keitel em Taxi Driver com Tony Ramos. Trinta anos depois, Dias de um Futuro Esquecido continua uma leitura divertida e uma peça histórica na trajetória dos mutantes.
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