UMA HISTÓRIA DE AMOR QUE VAI LITERALMENTE PARA O ESPAÇO
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Jennifer Lawrence (Linda como sempre) e Chris Pratt - Passageiros |
Pode um conto de solidão no espaço cativar o público? Acredito que
sim; Perdido em Marte de
Ridley Scott nos provou isso em 2015. No entanto, em Passageiros, temos um mau aproveitamento dessa premissa
para contar uma história de amor no espaço sideral, que também tem seus (muitos) problemas.
O diretor Morten Tyldum (O
Jogo da Imitação) desenvolveu o roteiro de Jon Spaihts (A Hora da Escuridão,
Prometheus, Doutor Estranho) de modo a casar uma trama sentimental com a ficção
científica como pano de fundo, mas não consegue amarrar nem uma coisa nem
outra.
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Passageiros - Um conto de amor no espaço |
Um drama de ficção científica cheio de implicações morais e filosóficas.
O elenco inclui, além de Pratt, Jennifer
Lawrence, Michael Sheen, Laurence Fishburne e Andy García.
O filme aborda a evolução da espécie humana, que se expandiu
pelo cosmo e colonizou diversos planetas. Como ainda não inventaram uma maneira
de mandar as pessoas despertas para seus novos lares, as naves são
automatizadas. Todos os humanos a bordo hibernam por décadas, até mesmo séculos
até chegarem em seu novo lar.
A Avalon, que aparece no filme é fantástica. Uma cidade
automática que funciona como um reloginho, realizando uma viagem de 120 anos
para um novo planeta enquanto os passageiros e tripulação dormem. Isto é, até
uma série de infortúnios acordarem o engenheiro mecânico Jim Preston e a jornalista Aurora Lane (Jennifer Lawrence, da franquia
Jogos Vorazes, X-Men: Apocalipse e Oscar de Melhor Atriz em O
Lado Bom da Vida). Qualquer semelhança com a princesa Aurora de A Bela Adormecida não é mera coincidência.
E não há como eles voltarem a hibernar; então estão basicamente
condenados a morrer durante a viagem.
O primeiro ato, que explora a solidão que Jim passa a bordo
da Avalon (ele vive totalmente sozinho por um ano inteiro), acompanhado apenas
dos robôs multifuncionais e de Arthur (Michael Sheen, em uma excelente atuação), um androide
que trabalha como bartender e tão somente, visto que ele não possui pernas.
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Michael Sheen roubando as cenas |
depois de quase cometer suicídio e que isso não lhe dá direito de comprometer a vida de alguém. O roteiro também não passa a mão na cabeça do personagem em momento algum, tanto que Aurora corta relações com o seu “assassino” assim que toma conhecimento da verdade. Quando Laurence Fishburne entra em cena, ele também condena a ação criminosa de Jim, que por sua vez, passa para o espectador todo o remorso pela escolha que fez para salvar a sua vida Só que essas são discussões que a maioria do público alvo de Passageiros não se preocupa em levantar.
Aí o
fantástico dá lugar a um romance conturbado entre duas pessoas de mundos (no sentido figurado)
completamente diferentes: uma garota rica e um operário de classe baixa que
evolui para acontecimentos mais drásticos e perturbadores.
No entanto toda a discussão moral do segundo
ato é posta de lado em prol da cascata de acontecimentos do terceiro ato, que
acontecem num ritmo alucinante e acabam por mascarar todo o conflito entre os
personagens. O ator Laurence Fishburne, que faz uma ponta como o oficial Gus
Mancuso acaba servindo como uma liga entre os dois, jogando Aurora e Jim em um
redemoinho que culmina em um final absurdo, se pararmos para pensar em tudo que
os personagens passaram e/ou fizeram um ao outro.
As
atenções estarão todas no romance bobinho, nos belos efeitos visuais (a
sequência da piscina é uma das mais bonitas e tensas da trama), e no suspense
para descobrir o que há de errado com a nave (o que acaba sendo uma justificativa
do roteiro para o crime cometido por Jim: o que são duas vidas perdidas quando
outras 5 mil são salvas?). O que é uma pena, já que blockbusters sempre são a melhor maneira de
discutir essas questões tão sérias e importantes para o bom convívio e respeito
entre homens e mulheres.
Assista ao Trailler de Passageiros
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